Estamos no carro Correio-Bagagem nº EF 202!
Quando elaborado o plano de aquisição de veículos para compor o “Ouro Verde”, foi incluído no pedido duas unidades deste tipo, cujo padrão construtivo se difere dos demais pelo menor número de janelas e pela divisão do interior em dois compartimentos principais, um para cada serviço.
Apesar de ser considerado um carro de passageiros, não exercia essa função; entretanto, foi concebido como tal por se destinar a serviços de entrega rápida. A diferença para um vagão comum está, principalmente, no tipo de truque e sistema de freio utilizados, os quais ofereciam mais conforto em velocidade alta e durante a frenagem.
Como a própria nomenclatura diz, um compartimento era utilizado pelo Departamento de Correios e Telégrafos para o transporte de correspondências e despachos de pequenos volumes. O serviço executado dentro do carro era feito por funcionários dos Correios.
O outro compartimento, apesar da nomenclatura “Bagagem”, tinha como função principal o transporte expresso de animais de pequeno porte e mercadorias de baixo volume, designadas pelas ferrovias da época por “Encomendas”. Todavia, também se destinava ao transporte da bagagem dos viajantes dependendo da estação que iriam desembarcar, mediante pagamento de uma taxa. Normalmente a bagagem era levada nos maleiros existentes nos carros de 1ª e 2ª classe.
Um terceiro compartimento, de tamanho reduzido, se destinava à sala do chefe do trem.
O transporte expresso de mercadorias, bem como o uso da ferrovia pelos Correios, foram serviços relevantes para o desenvolvimento socioeconômico, permitindo não apenas o deslocamento rápido de bens, mas, também, viabilizando a comunicação em todo o estado e deste com o resto do país.
A partir de meados dos anos de 1950 ambos os serviços entraram em decadência com a migração para o transporte rodoviário e assim se manteve depois da formação da Fepasa. Com a erradicação de grande parte dos trens de passageiros em fevereiro de 1977 e a quase extinção da oferta destes serviços nos trens remanescentes, os veículos deste tipo ficaram ociosos e parte considerável foi sucateada.
As unidades remanescentes foram adaptadas para uso próprio da ferrovia. Foi o caso do EF 202 que, em 1983, foi adaptado para servir no trem de socorro sediado em Campinas, ocasião em que recebeu a numeração QC 4460.
O QC 4460 depois de sua última reforma, quando foi adaptado para uso da via permanente. Na ocasião recebeu o prefixo “98” e o dígito “1”, tal como identificado no sistema da RFFSA. (foto: Rafael Prudente Corrêa, Embu-Guaçu, janeiro de 2009)
O carro EF 202 pouco depois de ser adapatado para o trem de socorro em foto de 1983 feita em Campinas. (foto: Cid J. Beraldo)
Detalhe da estrutura da caixa do carro Correio-Bagagem.
(Arquivo DNIT SRE-SP)
Dimensão do letreiro de identificação, feito em alto relevo. (Arquivo DNIT SRE-SP)
Planta, elevação e seção transversal do compartimento dos Correios. (Arquivo DNIT SRE-SP)