A continuidade e a qualidade da prestação do serviço de uma ferrovia exigem, constantemente, a atenção de seu corpo diretivo e técnico às necessidades de transporte, ao custo do serviço e às tecnologias desenvolvidas que possam satisfazer determinadas condições.
Tal como ocorreu quando adquirido o “Ouro Verde” em substituição a uma tecnologia defasada, em determinado momento caberia à Sorocabana substituí-lo, assim como seus similares, por outros com tecnologia mais avançada. Com a introdução de novos veículos caberia aos carros de aço carbono substituir os carros de madeira ainda existentes em outras rotas e serviços menos relevantes.
Carros inox Budd no pátio da estação Júlio Prestes em fins dos anos de 1950. (foto: Leonardo Bloomfield)
Neste sentido, foram encomendados à norte-americana Budd Co. 51 carros de passageiros com caixas construídas em aço inoxidável, material mais leve e resistente. Isso permitiu a formação de trens maiores com o mesmo peso ou menores com peso inferior às composições formadas com carros inteiramente construídos em aço carbono e com custo de manutenção consideravelmente mais baixo.
No decorrer de 1952 entraram em serviço as composições formadas com os novos carros de aço inox, identificados pela série numérica “500”. A primeira substituição se deu a partir de 20 de abril, com a troca das composições formadas por carros do “Ouro Verde”, do “Bandeirante” e da série 400 que faziam os trens N-3 e N-4. A segunda, em 15 de dezembro, substituiu as composições dos trens N-9 e N-8. A partir desta data assim ficou a formação das composições com carros de aço carbono:
O “Trem Luxo”, formado com carros Budd, passando pela Lapa, São Paulo, em setembro de 1957. (foto: John Williams, col. Thomas Corrêa)
Ao longo dos anos de 1950 os carros de aço carbono também passaram a trafegar nos trens que seguiam para Curitiba e Maringá, via Rede de Viação Paraná – Santa Catarina, junto com unidades de madeira.
Trem com vagão gaiola e carros de aço carbono e de madeira partindo de Ourinhos rumo ao Paraná. (Foto: Francisco de Almeida Lopes)
No início dos anos de 1960 a Sorocabana adquiriu mais um conjunto de carros inox, agora identificados pela série numérica “800”, fabricados no Brasil pela Mafersa. Entre 1964 e 1967 foram colocados em tráfego 103 carros de passageiros destinados aos trens Super-Luxo.
A introdução destes carros motivou nova mudança no itinerário dos trens de aço carbono que, àquela altura, já formavam composições completas rumo ao Paraná, além de outras que faziam serviços diurnos (prefixo P) em substituição aos antigos carros de madeira.
Os novos carros de aço inox da série “800” no antigo pátio da Barra Funda em fins dos anos de 1960.
(foto: col. Rafael Prudente Corrêa)
Bilhete do “Trem Super-Luxo”.
(Arquivo DNIT SRE-SP)
O “Trem Super-Luxo”, formado com carros série “800”, em viagem pela Alta Sorocabana (além de Assis) no final dos anos de 1960.
(foto: col. Rafael Prudente Corrêa)
Em julho de 1965 passou a vigorar um novo horário que alterou a formação dos trens de aço carbono, conforme descrito a seguir:
A chegada de mais unidades da série “800” acelerou o processo de substituição dos carros de madeira por unidades em aço carbono. Em abril de 1966 deu-se uma nova alteração nos itinerários. Tal como ocorrido nos anos de 1950, quando houve o uso conjunto de carros de madeira e de aço carbono, as novas formações utilizavam conjuntamente carros de aço carbono e de aço inox Budd, série “500”. Além disso, efetivou-se quase por completa a substituição dos carros de madeira por unidades em aço carbono nos trens que serviam na linha tronco.
Trem formado com carros de aço carbono e inox na estação de Maringa-PR
(c. 1970). (acervo APFMF)
Em relação às formações anteriores, foram essas as alterações, além da criação de novas rotas:
Estrutura base dos carros do “Ouro Verde”. Acima, estrado, truques e sistema de freio; abaixo, a caixa.
(Arquivo DNIT SRE-SP)
Estrutura base dos carros do “Ouro Verde”. Acima, estrado, truques e sistema de freio; abaixo, a caixa.
(Arquivo DNIT SRE-SP)
Estrutura base dos carros do “Ouro Verde”. Acima, estrado, truques e sistema de freio; abaixo, a caixa.
(Arquivo DNIT SRE-SP)
Estrutura base dos carros do “Ouro Verde”. Acima, estrado, truques e sistema de freio; abaixo, a caixa.
(Arquivo DNIT SRE-SP)
Um carro de 2′ Classe do “Ouro Verde” em meio a outros de aço inox na estação de Maringa-PR. Abaixo das janelas, no centro, a inscrição “SOROCABANA” em substituição à sigla e o nome do trem. (acervo APFMF)
No final dos anos de 1960, além de atender os ramais de Bauru e Itararé, os carros em aço carbono também passaram a circular com frequência nos ramais de Santos e de Dourados.
As mudanças ocorridas durante os anos de 1950 e 1960 também influenciaram a gradativa remoção da assinatura “Ouro Verde” dos carros de passageiros!