Em 1970 a Sorocabana fez sua última alteração nos horários. Considerando toda sua malha, até então circulavam diariamente 87 trens de passageiros, reduzidos para 65 a partir de fevereiro daquele ano.
A diminuição não se deu apenas pela tendência de queda no movimento de passageiros. Foi também por uma questão econômica, com objetivo de reduzir custos, pois ali tinha início a reformulação operacional da ferrovia, visando a formação da Fepasa.
Constituída a nova empresa em 1971, poucas alterações se deram nos horários, com a supressão de um ou outro trem até meados da década. A mudança mais significativa foi notada no aspecto dos carros de aço carbono que, gradativamente, deixaram de ter o padrão de pintura da Sorocabana, usado desde a chegada do “Ouro Verde”, para ganhar nova comunicação visual na cor azul, herdada da Companhia Paulista.

Comparativo entre as pinturas da Sorocabana e da Fepasa, aplicadas em carros de aço carbono da série 600. Acima, o carro especial para transporte de presidiários fotografado em Sorocaba em 1970. (foto: Guido Mota, Acervo Memória do Trem)

Um carro de segunda classe fotografado no pátio da Ana Costa, Santos, em março de 1977. (foto: José Pascon Rocha)
Outra mudança relevante foi a transferência de algumas unidades para as linhas da antiga Companhia Mogiana em substituição aos carros de madeira daquela ferrovia, ainda bastante comuns nos trens que atendiam seus ramais, e para reforço das composições que circulavam pela linha tronco.
Trem de passageiros na estação de Posse de Ressaca, linha tronco da antiga Mogiana, formado por carros em aço carbono: três ex-Mogiana e na cauda um ex-Sorocabana. (foto: José Pascon Rocha, 10/03/75)


Trem formado com carros de aço carbono e inox da Sorocabana na saída do pátio da estação de Iperó, a caminho de Itararé em foto de abril de 1974. (foto: Ivanir Barbosa)

Trem com destino à Presidente Epitácio aguardando partida na estação de Quata a 16 de abril de 1975. Nota para o caboose da Mogiana entre a locomotiva e os carros em aço carbono da Sorocabana. (foto: Fábio Dardes)
Até o início de 1977 os antigos carros em aço carbono da Sorocabana prestaram serviço regularmente nos trens de passageiros da Fepasa, sobretudo em ramais. Entretanto, a partir do dia 16 de fevereiro, a nova grade horária que entrou em vigor mudou significativamente essa condição. Foram retirados de circulação cerca de 40 trens em toda a malha de bitola de 1,00m, restando 13 em circulação na antiga Sorocabana e 10 na antiga Mogiana. Somente dois ramais da Sorocabana continuaram a ser atendidos, o de Itararé e o de Dourados, ambos por dois trens mistos diários, um em cada sentido.

Os carros nº 3148 (antigo série “400”) e 3122 (série “200” – “Ouro Verde”), no pátio de Iperó após serem desengatados do trem PS-1 com destino a Assis. Daquela estação os carros em aço carbono seguiriam para Itararé no trem misto MS-1, formado por estes carros e vagões para o transporte de cargas.
(foto: José Pascon Rocha, 28/03/78)

Horário publicado na edição de janeiro de 1978 do Guia Levi (col. Thomas Corrêa)
Apesar de não ser o primeiro corte de horários feito pela Fepasa, foi o mais contundente desde sua formação, um marco do início do desmonte do serviço de passageiros em suas linhas.
A quantidade reduzida de horários exigiu menor número de veículos, sendo mantidos nos trens de passageiros os carros em aço inox e os carros em aço carbono provenientes da Mogiana, maiores e de construção mais recente. Com grande parte da frota ociosa, os carros em aço carbono ex-Sorocabana foram majoritariamente desativados, salvo poucas unidades, assim como todos os carros de madeira ainda existentes.
Em fevereiro de 1979 a Fepasa lançou um novo horário extinguindo o serviço de passageiros nos ramais de Itararé e de Dourados, e reduzindo a circulação na linha tronco da antiga Mogiana de dez para quatro trens diários, trecho cujos trens eram predominantemente formados por carros em aço carbono.
Este foi o fim do uso de carros em aço carbono da Sorocabana nos trens de passageiros!
Fila de carros desativados no pátio de Botucatu.
(foto: Sergio Martire, 12/1979)
