O CARRO DE PRIMEIRA CLASSE

Estamos no carro de Primeira Classe nº B 202!

Quando elaborado o plano de aquisição de veículos para compor o “Ouro Verde”, foram encomendadas quatro unidades deste tipo, numeradas de B 201 a B 204, cada uma com capacidade para 56 passageiros.

Externamente, se diferencia dos carros de Segunda Classe pelo número e disposição das janelas, uma para cada banco, as quais foram posicionadas de tal forma a permitir que, independentemente do sentido da viagem, o passageiro tivesse igual acesso às janelas.

Vista interna de um carro de Primeira Classe (Col. Leandro Todaro)

Comparativo entre as vistas externa e interna do carro de Primeira, à esquerda, e de Segunda Classe, à direita. (col. Rafael Prudente Corrêa)

Ainda que projetados para melhor servir os passageiros durante a viagem, algumas soluções adotadas causaram certo desconforto à equipe técnica da Sorocabana que, assim relatou suas observações:

“1º) As janelas, quebrando a harmonia do conjunto, são mais estreitas, sacrificando um pouco a elegancia de linhas que oferece o aspecto exterior dos demais carros. Julgo que assim foi projetado devido à disposição dos bancos.

2º) O corredor interno, muito estreito, dificultando a circulação através do mesmo, principalmente em viagens que haja grande afluencia de passageiros e muitas malas. Talvez a causa desta redução tenha sido a necessidade de alongar um pouco mais os bancos para dar mais conforto aos passageiros.

3º) Os bancos são um tanto altos, oferecendo quasi o mesmo desconforto dos nossos carros alemães. Além disso, o encosto dos bancos estão muito unidos, quando virados para o mesmo lado. Este defeito foi atenuado a nosso pedido.”

Sanada a questão da altura e posicionamento dos bancos, prevaleceu o projeto original, sem modificações expressivas até serem retirados do serviço de passageiros.

Para o acesso a este serviço era necessário dispender cerca de 40% a mais em relação ao valor da passagem da Segunda Classe, conforme se vê na tabela extraída do horário de 1939. (Arquivo DNIT SRE-SP)

Os carros de Primeira Classe do “Ouro Verde” permaneceram em serviço comercial por quase 40 anos. Com a erradicação de grande parte dos trens de passageiros promovida pela Fepasa em fevereiro de 1977 ficaram ociosos e parte considerável foi sucateada.

As unidades remanescentes foram adaptadas para uso próprio da ferrovia. Foi o caso do B 202 que, em 1987, foi adaptado para servir à turma volante de manutenção de via permanente sediada em Ribeirão Preto, ocasião em que recebeu a atual numeração, QC 4482.

Esquema de instalação dos ventiladores adicionados nos carros de Primeira Classe para melhorar a circulação do ar, auxiliando os exaustores fixados no meio do teto, que também equipavam os carros de Segunda Classe.
(Arquivo DNIT SRE-SP)

Planta dos bancos duplos usados nos carros de Primeira Classe. Foram construídos com uma armação tubular para dar mais leveza à estrutura, além de serem mais longos que os bancos usados na Segunda Classe, assim ofertando mais espaço aos passageiros.
(Arquivo DNIT SRE-SP)