A CHEGADA DOS CARROS INOX – II (1950 – 1970)

Caminhando para os 6 milhões de passageiros transportados/ano, cerca de 80% mais em relação a 1926, ano da última aquisição de carros de passageiros, em fins de 1936 a Sorocabana deu início aos estudos para aquisição de novos veículos.

No decorrer dos estudos foi adotada a diretriz técnica fixada pelo Congresso de Estradas de Ferro de 1937 que recomendou às administrações ferroviárias o uso de carros inteiramente metálicos metálicos devido às vantagens oferecidas por esse tipo construtivo.

“Antepomos ao criterio antigo das composições pesadas, o conceito moderno de comboios leves e rapidos que importa em maior conforto e segurança para os passageiros.
Adoptamos a concepção estructural de caixa e estrado, formando um conjuncto rigido, de modo que a caixa participa dos esforços, que solicitam o vehículo.
São estructuras tubulares ou vigas rigidas Vierendel, que permittem reduzir o peso morto, augmentando a resistencia do carro.
Norteamos as nossas especificações pelas realizações ferroviárias mais recentes, americanas e allemãs, conseguindo carros metallicos 25 % mais leves que os actuais de madeira da Estrada, o que representa uma notavel economia no custeio.”

(Relatório Anual da Estrada de Ferro Sorocabana, 1936)

Com objetivo de modernizar a frota optou-se pela aquisição de carros inteiramente construídos em aço soldado, técnica inovadora para a época, em lugar de chapas rebitadas, que traziam, também, as seguintes vantagens:

• Maior segurança e conforto aos passageiros;
• Aumento da dimensão dos veículos e de seus compartimentos internos;
• Redução de 25% do peso de cada carro de passageiros em relação aos carros alemães de madeira já existentes, permitindo o acréscimo de duas unidades nos trens formados com este tipo de veículo sem que fosse necessário usar uma locomotiva maior;
• Aumento da velocidade;
• Redução no gasto em combustível;
• Maior durabilidade e menor custo de manutenção;
• Menor risco de incêndio.

Em 1937 foi feita a encomenda de 24 carros às fábricas alemãs Linke Hofmann, de Breslau, e Waggonfabrik Busch, de Bautzen, que formavam a Linke Hofmann Werke (LHW). À primeira coube a construção de 14 unidades, sendo 4 de 1ª classe, 8 de 2º classe e 2 dormitórios-salão; e à segunda, a fabricação de outras 10: 2 correio-bagagem, 2 restaurantes e 6 dormitórios.

Para o acompanhamento da elaboração do projeto e da fabricação dos carros foi designada uma comissão que esteve na Alemanha por 13 meses. Entre maio e julho de 1938 todas as unidades foram embarcadas para o Brasil.

Assim como qualquer veículo pertencente à frota de uma ferrovia, os carros recém-chegados da Alemanha precisavam ser individualmente identificados. Seguindo a metodologia criada pela Sorocabana em 1928, cada carro recebeu uma identificação alfanumérica, onde a letra designa o tipo, e o número, a série e sua respectiva posição dentro dela. Aos carros do “Ouro Verde” foi alcunhada uma série numérica exclusiva, nº 200, distinguindo-os dos carros de madeira fabricados pela Busch, que ocupavam a série 100, e dos demais existentes, encaixados entre 1 e 99.

Estrutura base dos carros do “Ouro Verde”. Acima, estrado, truques e sistema de freio; abaixo, a caixa.
(Arquivo DNIT SRE-SP)